sábado, 31 de outubro de 2009

Ele e Ela


Ela é uma mulher adulta e se diz bem resolvida (no fundo não passa de uma muleka).

Ele é um homem um tanto quanto “comum”, daqueles que não se abalam com nada.

Ela jura que não se importa, canta aquele refrão como se estivesse falando de si própria “socorro alguem me de um coração, que esse já não bate nem apanha...”, canta tão alto que não há duvidas que a intenção é se convencer de que não existe sentimentos. As vezes até funciona, mas só dura até o próximo “olá”. Uma única saudação é suficiente para que ela se derreta toda por ele, e esqueça que jurou não sentir mais nada por ninguém (muito menos por ruivos. Ela, definitivamente, não tem sorte com esses).

Ele não é do tipo que se apaixona (pelo menos não do tipo que demonstra). Ele sabe que as meninas sairiam no tapa para disputar a sua atenção, mas é alheio ao fato. Ele não faz promessas, tampouco usa de mentirinhhas pra conquistar quem quer que seja,. Talvez essa sinceridade seja uma das coisas que o torna extremamente interessante.

Ela: extrovertida

Ele: marrento

Ela: otimista

Ele: realista

Ela: uma boba

Ele: um lobo

Ela: sentimentos

Ele: razões

Ela: largaria tudo por ele

Ele: espera mesmo que ela largue, pq ele não pretende sair de onde está.

Ela: diz “eu vou”

Ele: diz “hoje não dá”

Eles são opostos.

- Mas não há nada em comum?

Ela: o deseja todas as noites pq “fuder com ele é muito bom”

Ele: deseja que ela continue desejando-o, já que, ela “chupa como ninguem”.

- Então é esse o ponto em comum? O sexo?

Sim, é esse o ponto em comum.

Alguem conhece algo melhor que sexo para unir duas pessoas?

Eu não conheço!

- E eles ficam juntos no final da sua estória?

Como eles ficariam juntos?

Eles moram a Km de distancia.

Ele está sempre ocupado.

Ela está sempre na duvida se a paixão é por ele ou por sexo.

Ele some sempre que ela fala de sentimentos

Ela fica esperando que ele responda, mesmo que seja algo do tipo “se toca, garota! Eu jamais me envolveria sentimentalmente com alguem insegura como você”.

Ela aposta que a paixão vai embora.

Ele tem certeza que não vai!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ao "deus" que não sai dos meus pensamentos...

Quando penso em alguém é por você que eu fecho os olhos, confesso até que já tentei mudar essa realidade, mas não consegui. De repente isso pode parecer estranho, mas estranho seria se eu não me apaixonasse por você.

É sério, já tentei te arrancar dos meus pensamentos de mil e uma maneiras. E não, não há remédio pra curar essa dor que ainda não passou, mas vai passar. Vai passar a dor da saudade e virá a satisfação do reencontro.

A ansiedade de tê-lo em mim faz com que eu me pergunte o tempo todo: Quanto tempo será que demora um mês pra passar?

Pois você sabe como é difícil de encontrar a pessoa certa, a hora certa de chegar, a porta aberta a hora certa de voltar.


Quando você me perguntar por onde andei enquanto você me procurava, te responderei sorrindo que andei sumida, mas estou aqui. Pois você é mesmo tudo aquilo que me falta e, é parte ainda do que me faz forte, pra ser honesto só um pouquinho infeliz.

______________

A espera por você parece interminável, pessoas esbarram em mim o tempo todo, aeronaves seguem pousando sem você desembarcar e mesmo querendo eu não vou me enganar. Será que levei um bolo? =(

Ele sabe que eu quero, quanto tempo for espero, lhe desejo, me derreto com seu jeito de me olhar porque o seu sabor já virou meu vício.

Te avistei ao longe, e já nem tinha certeza se era tu mesmo, ou uma miragem por conta do conhaque que tomei pra ver se o tempo passava mais rápido. rs

- Desculpe estou um pouco atrasado, mas espero que ainda dê tempo. Diga que você me quer que eu te quero também.

- Sim, é claro que eu quero. Esperaria dias, meses, anos, décadas, séculos, milênios.

- Quando não estás aqui, sinto falta de mim mesmo e sinto falta do seu corpo junto ao meu.

- A recíproca é verdadeira!

Teu beijo com gosto de canela, é o mais gostoso dos beijos já provados;

Seu corpo é o mais quente já desejado;

Seu perfume é ainda melhor que o do sol secando uma noite chuvosa;

O gosto do seu corpo tem sabor de quero mais. Muito mais!


E agora, chega de saudade a realidade é que sem você não a paz, não a beleza.

Vem ficar comigo depois que tudo acabar, pq sem você eu não vou me adaptar.

Vem ficar comigo, na rua, na chuva, na fazenda e faremos ainda uma aposta com a natureza, pois eu aposto que ha menos peixinhos a nadar no mar, do que os beijinhos que darei na sua boca.


(by eu e minha imaginação fértil, tentando fazer um "tudo junto e misturado" de algumas musicas que me trazem você. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)

sábado, 13 de junho de 2009

Sorte


"Eu tinha depositado todas as minhas fichas nela, era a primeira vez que eu jogava, o meu jogo era limpo, não havia blefe, a virtude maior estava entre ver e crer, olhava com os olhos do coração, maquinava com a alma e cria na sorte desvinculada de todo e qualquer relacionamento anterior. Estava pronto, as cartas sobre a mesa, meu adversário - o azar - encarava furtivamente meus olhos castanhos e sonolentos. Não havia problema, afinal, numa mesa de pôker, jogar o amor, sem blefar, não é pro azar! E não foi, ganhei, a ganhei, fazendo com que o azar nos perdesse de vista; seguimos! Nosso troféu está na estante, nossa vida está próxima de um conto, um belo conto, sem fadas ou amores dissimulados. Nossa vida é nosso conto secreto, sem blefe e sem sorte pro azar!"

Téo

quinta-feira, 21 de maio de 2009


A ultima noticia que tive dele foi:

- Me espera nos banquinhos lá em baixo, já já eu to chegando aí.

Eu estava ficando com medo. Será que, pela primeira, vez me dei mal com “meus encontros com desconhecidos”?.

Em Barra Funda a rodo ferroviária já começava a descansar de seu intenso movimento diário, ficando cada vez mais vazia. Pensei em ir perguntar para algum segurança se por acaso não conheciam algum hotel próximo dali para eu passar a noite, mas, olhei para o lado e o vi ao longe. Era ele, eu sabia que era. Exatamente como eu o imaginava. Meu coração quase saiu pela boca de excitação. Quando dei por mim ele já estava ao meu lado com um sorriso safado no rosto.

- Oi linda, achou que eu não viria?

- Achei “quase” isso. Estava com medo por que a rodo está ficando vazia e tals...

Fui recompensada pela espera com um beijo delicioso. Um hálito fresco com gosto de canela (ainda hoje compro trident de canela para sentir o gosto da boca dele) e quente com sabor de desejo. Ele tem uma boca macia que envolve a minha, enquanto sua mão em minha nuca segurava firme meu cabelo (o que me arrepiou por inteira).

- Hummmmmmm, que delicia de beijo, "moço"!

- Pois eu acho melhor você parar de me beijar, eu tenho algo que você não tem... Pode não pegar muito bem quando eu levantar daqui (risos).

Confesso que essas palavras me deram mais vontade ainda de beijá-lo e sentir o quanto ele estava excitado em ter-me ali pertinho dele...

O trem chegou, embarcamos rumo ao hotel.

- E esse decote desse tamanho? Disse ele, com uma cara de safado olhando para os meus seios (daria tudo para olhar aquela carinha de safado novamente)

- Ah "moço", nem está tão grande assim. Respondi puxando a blusa.

- Viajou com alguém ao seu lado?

- Hahaha... Não, eu vim sozinha a viagem inteira. Essa pergunta é só por causa do conto da viagem? (risos)

- É! Eu tenho ciúmes, sei la. Fiquei imaginando se teria alguém do seu lado.

- Bobo...

Eu estava onde queria estar, sentindo o homem que a tanto tempo eu queria sentir (ok, nem tanto tempo assim, mas, para mim parecia uma eternidade) e numa ansiedade gigantesca para chegar logo ao hotel.

- Chegamos! Vamos por aqui... Você deixou para avisar muito em cima da hora, se eu tivesse certeza antes que você viria, teria feito reserva em algum hotel.

- Isso não é verdade, "moço". Você já sabia que eu viria te avisei desde o começo da semana.

- É, mas eu só tive certeza quando você chegou na rodoviária (risos).

- Tudo bem, não tenho frescuras fico em qualquer um se você ficar também.

- Se incomoda se eu fumar perto de você?

- Não.

- Que bom, caso se incomodasse eu falaria pra você ir para o outro lado da rua, não deixaria de fumar por isso.

Hahahahha... Achei engraçado. Esse estilo “malvado” que sempre lia escrito por ele mesmo não combinava nem um pouco com o homem que estava na minha frente (por incrível que pareça).

Chegamos ao hotel, deixamos os documentos, pagamento, etc e fomos para o quarto.

Ele entrou, sentou-se na cama livrando-se da bolsa e do tênis. Eu parei perto da porta tirando as sandálias que estavam me matando desde as 7:00 da manha até aquela hora (aproximadamente (01:15).

Me aproximei dele....

- Me beija!

Nos beijamos, uma de suas mãos procurava desnudar meus seios e a outra segurando firme meu cabelo. Deslizei minha mão na sobre as coxas dele até sentir o volume do seu pau crescendo dentro da calça. Entendi perfeitamente por que ele pediu para eu parar de beijá-lo na rodoviária... Aquela pica tinha um volume deliciosamente considerável (hehe)...

- "Moço", espera. Vou tomar um banho rapidinho, já volto. Não desanime hein...(risos)

Peguei minhas coisas e fui para o banho. Deliciava-me com a água caindo sobre o meu corpo e com a certeza de que ele estaria me esperando para fudermos gostoso, até cansar.

Olhei para o lado e dei de cara com ele entrando no banheiro...

- Pedi pra você me esperar na cama.

- Vim me certificar de que você não vai demorar, delicia.

Hummmmmmm, que delicia de homem, que beijo maravilhoso. Ele bem branquinho, grande, um homem lindo e seu mastro era tão lindo quanto ele todo. Minha vontade era de ajoelhar-me ali em baixo do chuveiro mesmo e devorá-lo todinho.

Ele se inclina chupando, lambendo e mordiscando de levinho meus seios, enquanto seus dedos acariciam minha bucetinha... Aff! que delicia de boca, de mão, de tudoooooooooo.

Ele desligou o chuveio...

- "Moço", você nem me deixou tomar banho direito.

- Mas já ta bom, já podemos fuder gostoso agora... vamos!

- Uiiiiiiiiiiiiii (é, eu falo “uiiii” mesmo haha)

Ele sentou na beirada da cama com as pernas abertas enquanto eu ainda me secava. Aquela pica deliciosa, dura e por minha conta... hummmmm será que eu estou mesmo aqui? (risos)

- Vem cá... me beija.

- Seu pedido é uma ordem!

Beijei sua boca mas, meu corpo me puxava para baixo... eu queria abocanhar aquele pau, queria senti-lo pulsando em minha boca...

Ajoelhei-me ao lado da cama, segurava seu pau e passava a língua na cabecinha.

Eu estava me deliciando, olhando para o rosto dele com cara de “chupa logo sua vadia”. Hahhaa

- Chupa ele, coloca ele todinho na boca...

E eu só fazia que não com a cabeça e continuava apenas lambendo ele todinho...

Mas, ele segurou firme o meu cabelo, e acabou com a minha festa. Hahhaa... Eu não resisto a um puxão de cabelo... Engolia ele todinho, sentia ele em minha garganta... chupando e brincando com a lingua em torno dele... hummmmmmmm...

- Senta nele, gostosa.

Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...e como resistir aquela voz deliciosa?

Senti seu mastro rasgando minhas carnes,me invadindo aos poucos...Que delicia senti-lo dentro de mim. Fudendo com vontade... Levar uns tapinhas daquelas mãos grandes... hummmmmm que delicia.

- Vou te chupar até vc gozar na minha boca, safada...

Hummmmmmm...

Sentia sua língua passando em cada milímetro da minha bucetinha, subindo e descendo, invadindo minha gruta que escorria em sua boca, meu corpo estremecia de tesão. Que oral delicioso, eu já tinha gozado quando ele parou com o oral e começou a esfregar o pau na minha bucetinha, mas, sem penetrá-lo.

- Pede pra eu te fuder...

-Me fode... mete essa pica todinha na minha bocetinha, safado, delicia...

Hummmmmmmm, e como ele mete gostoso. Passaria uma vida dando para um homem como ele.

- Me come de4... me fode todinha...

Caralhooooooo, que delicia,sentir seu corpo contra o meu... tapas na bunda, acompanhados de termo como safada, gostosa, mexe... Seu dedo invadindo meu cuzinho, meus gemidos já viravam quase gritos... delicia, gostoso, me fode....

- Eu vou comer seu cu, sua safada.

- Aaah seu pau é muito Grosso, não vai entrar não (risos) mete o dedo aí vai..

Hummm, gozei com ele falando o quanto ele queria comer meu cuzinho (risos).

-Gozou delicia? então vem cá, abre a boquinha...

Eu com a boca aberta esperando que ele gozasse, queria engolir todo o seu gozo, me lambuzar da sua porra. Olhava pra ele com “aquela carinha de pidona”, carai... era porra de mais da conta. (risos) Não dei conta de engolir, mas, que coisa mais linda ver aquele homem gozando em mim, momento digno de ser registrado com maquina fotográfica para poder reconstituir a cena com perfeição. RS

- Ta fraca no nosso propósito hein, safada?

-Desculpa, num consegui.(hehe)

Mas isso com certeza não estragaria uma noite maravilhosa.

Deitamos lado a lado, conversando um pouco, falando sobre os vídeos pornôs que passavam na televisão,sobre musica, sobre o barulho que as arrumadeiras estavam fazendo la fora me dando idéia até para escrever um conto erótico sobre a arrumadeira (muitos risos)...

Fudemos novamente, ele gozou na minha bucetinha, me comendo de 4.

Que delicia sentir sua porra quente escorrendo da minha gruta...

Em meio a um beijo, falei:

- "MOço", você fica sempre com os olhos abertos. Beija com os olhos abertos, fode com os olhos abertos...

Passando a mão no meu rosto ele respondeu:

- Tem coisa melhor pra ver, vou fechar os olhos e perder as melhores cenas?

Achei aquilo lindooo, perfeito como ele. E talvez influenciada por meus sentimentos de carinho por ele eu tenha até descrito essa cena de forma mais romântica do que realmente foi, mas acho que não. Acho que foi isso mesmo, pelo menos é essa a cena que ficou registrada aqui.

-Você vai conseguir dormir comigo?

- Claro que vou, a cama é grande.

- Ah sei la, tu falou que não dormia acompanhado.

-Você veio até aqui só pra tirar a prova disso, né?!

- Claro que não,bobinho... Eu vim pra te comer mesmo. RS

- Boa noite, Débora! Disse ele, me dando um beijinho de boa noite.

- Boa noite, delicia!

Por incrivel que pareça, eu consegui dormir (normalmente eu não consigo, quero ficar pegando na pessoa e tals. (risos)

Quando acordamos, rolou mais um pouco de sexo gostoso.

- Você volta a noite?

- Sim, se você quiser ficar comigo ainda... Eu volto!

- Ta ok! Bom serviço.

Ele me deu um beijinho e saiu para o trabalho.

E eu?

Eu passei a manha pensando nele...

Ele tinha outra pessoa especial na vida dele (que é muito especial na minha também).

Entrei na net, ele estava online e quando me viu, logo falou que não achava justo esconder isso dela, que tinha medo de magoá-la e bla bla bla.

- Ta bom... Eu conto!

E assim foi... Eu contei e ele não voltou.

- Débora, desculpe! Eu não vou conseguir voltar para o hotel, vou trabalhar até tarde.

E no dia seguinte aconteceu a mesma coisa.

Eu esperei por alguém que não voltou, mas que me satisfez por uma noite.

Era esse o nosso combinado, né?!

Serei sua durante uma noite e estarei curada da doença que estou sentido de você. E depois? Depois seguirei minha vida, voltarei aos braços daqueles que mentem que me amam, pq todos precisam de mentiras e um mundo de fantasias para viver...”

Arrependo-me de ter acreditado que ele voltaria. Arrependo-me pq acreditando nisso não dei um ultimo abraço, queria agradecer por ele ter sido alguém mais que especial. Não foi uma noite de sexo louco, foi a noite com um homem que eu desejei chamar de meu.

Pra mim, ele não voltou por causa do trabalho. Para o amor, foi para não magoá-la mais do que já tinha magoado... Mas, no final o motivo nem importa tanto assim.

Pra encerrar essa curta passagem de nós dois vou usar um trecho da musica que me fez parar para escrever...

“Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca”

(Chega de Saudade – Tom Jobim e Vinício)

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Diálogo

Toca a campainha e o homem vai abrir a porta, não sem antes dar um passo de dança. Na porta está uma mulher. No caso, “mulher” é eufemismo. Ela é mais do que isto. Se Deus fosse mandar uma amostra do Seu trabalho para concurso, mandaria ela. Preciso me lembrar desta frase para dizer depois, pensa ele.

– Alô – diz ela.
– Alô. Entre.

Ela entra e olha em volta.

– Eu sou a primeira?
– Não. Desde os 15 anos que eu... Ah, você quer dizer a primeira a chegar. É, é.
– Bonito, seu apartamento.
– Depois que você chegou ele ficou.
– O quê?
– Bonito.
– Mmmm.

Que diálogos, pensou ele. Que diálogos! A noite prometia.

– Me dê seu casaco, sua bolsa...

Ela dá. Ele fica parado ao seu lado. Ela diz:

– Eu não vou tirar mais nada...
– Ah. Certo, certo.

Ele vai guardar o casaco e a bolsa. Ela examina a sala do apartamento. Em cima da mesa de centro há um balde com uma garrafa de champanhe em água gelada e dois copos compridos. O homem volta. A mulher diz:

– Você não falou que ia ter uma festa?
– Onde você estiver, é uma festa.
– Mas você disse que haveria convidados.
– Sim.
– Eu só vejo dois copos.
– Yes.
– E os outros?
– Que outros?
– Os outros convidados.
– Mmm. Sim. Bem. Se eles chegarem, eu...
– “Se”? Quer dizer que eles podem não vir?
– Pode ter havido um esquecimento.
– Eles podem ter se esquecido de vir à festa?
– Ou eu posso ter esquecido de convidar...
– Já vi tudo. A festa é só nós dois.
– Eu prefiro grupos pequenos. Você não?

Que timing. Que marcação. E não tem ninguém gravando isto!
A mulher sorri e rodopia no meio da sala. Seu vestido branco esvoaça.
Que pernas, que noite! Ele serve champanhe para os dois. Ela fala.

– Vou avisando uma coisa...
– O quê?
– Esta noite eu sou a Cinderela.
– Cinderela? Por quê?
– Até a meia-noite me comportarei como uma dama...

Ele ensaia um passo, arqueia uma sobrancelha e pergunta:

– E à meia-noite?

Ela o afasta com a mão.

– À meia-noite eu saio correndo.
– Não há por que se preocupar. Se você é Cinderela, eu serei seu servo, seu cocheiro, seu escravo.
– Então me serve mais champanhe, servo.

Ele serve, pensando: “Tomara que ela diga que as bolinhas do champanhe fazem cócegas no seu nariz...”.

– As bolinhas do champanhe fazem cócegas no meu nariz...
– Isso eu também faço e não sou champanhe.
– O quê?
– Cócegas no seu nariz.
– Não entendi.
– Esquece, esquece.

Não se pode acertar todas, pensa ele.

– Você não quer conhecer a minha biblioteca? – pergunta.
– Quero.– Venha. Traga o seu copo.
– Mas, espere... Ali é o seu quarto.
– Minha biblioteca fica no quarto. Os dois livros, ao lado da cama.
– Então traga para cá.
– A cama?
– Os livros.

Ele a enlaça pela cintura. Rodopiam juntos, depois caem no sofá. Ele pega a garrafa de champanhe e serve mais um pouco.

– Acho que você está querendo me embebedar...

Quem diz isto é ele.

– Se você já abriu o champanhe agora, o que é que nós vamos abrir à meia-noite? – pergunta ela.
– Talvez um zíper ou dois...

Preciso me lembrar de tudo isso para contar depois, pensa ele. De algum lugar no apartamento vem a voz de Frank Sinatra.

– É meia-noite.
– Como é que você sabe?
– Meu cuco.
– Pensei que fosse o Frank Sinatra...
– A imitação não é perfeita? Ele usa até o mesmo tipo de chapéu.

Ela tenta levantar do sofá.

– Hora de ir embora...
– Daqui você não sai, Cinderela.
– Mas você não disse que era o meu servo?
– Disse.
– Pois eu estou ordenando que você me leve para casa.
– Não.
– Por que não?
– Porque bateu meia-noite e eu me transformei num rato! Feliz Ano-Novo.

Meia hora depois, ela está nua, embaixo dos lençóis, e ele está numa mesa do quarto, escrevendo.

– Você não vem? – pergunta ela.
– Só um pouquinho. Estou tomando umas notas para não esquecer nada depois. Quando você falou que o champanhe fazia cócegas no seu nariz, o que foi que eu disse mesmo?

Luís Fernando Veríssimo


I Know Where You Sleep (tradução)

Emilie Autumn

Eu conheço
Os pensamentos doentios que escorregam em volta de sua cabeça
Eu conheço
A faminta culpa que me enterrou em sua cama
Manipule-me se puder
Vá em frente e me engane como sua maior fã

Eu conheço
O orgulho arrogante que envenena a verdade que você ouve
Eu conheço
A língua arrogante que rasga seu medo
Pontifique sua estrela desbotada
Vá em frente e me mostre quem você realmente é

Você pode mentir aos jornais
Você pode esconder da imprensa
Você pode fingir no palco
Você pode rastejar da sua gaiola
Você pode procurar e destruir
Você pode matar e depender disso
Eu conheço a sua carne maculada
Eu conheço a sua alma imunda
Eu conheço cada truque que você pregou
Cada vadia com quem se deitou
Cada sonho que roubou
Eu conheço a cama no quarto na parede
Na casa onde você conseguiu o que queria e arruinou tudo
Eu sei os segredos que você mantém
Eu sei onde você dorme

Eu conheço
A doença por trás da imagem que você criou
Eu conheço
O tédio de precisar transformar tudo que ama em ódio
Seu pobre paranóico patético
É só comigo, ou você secretamente gosta disso?

Você pode mentir aos jornais
Você pode esconder da imprensa
Você pode fingir no palco
Você pode rastrear da sua gaiola
Você pode procurar e destruir
Você pode matar e depender disso
Minta, rasteje, procure, mate
Eu conheço a sua carne doente
Eu conheço a sua alma imunda
Eu conheço cada truque que você pregou
Cada vadia com quem se deitou
Cada sonho que roubou
Eu conheço a cama na parede do quarto
Na casa onde você conseguiu o que queria e arruinou tudo
Eu sei os segredos que você mantém
Eu sei onde você dorme

Você faz o papel de vítima muito bem,
Você constrói seu próprio inferno indulgente,
Você queria alguém que te entendesse,
Bem, cuidado com o que você deseja porque eu posso!
Você tem um jeito refinado de distorcer as frases
Você prepara sua armadinha
Você faz sua brincadeira
Você gosta tanto de jogos
Você não deve perder nunca
Engraçado como o único em sua cama é você

Você pode mentir aos jornais
Você pode esconder da imprensa
MINTA, RASTEJE, PROCURE, MATE

Oh meu Deus, oh meu Deus
Eu toquei em você
Não posso viver assim
Deus salve a rainha,
Eu amei você!
Não posso viver assim
Eu fodi você
Não posso viver assim

Eu conheço os pensamentos doentios que escorregam em volta de sua cabeça
Eu conheço a faminta culpa que me enterrou em sua...cama

Você pode mentir aos jornais
Você pode esconder da imprensa
Você pode fingir no palco
Você pode rastrear da sua gaiola
Você pode procurar e destruir
Você pode matar e depender disso
Minta, rasteje, procure, mate
Eu conheço a sua carne doente
Eu conheço a sua alma imunda
Eu conheço cada truque que você pregou
Cada vadia com quem se deitou
Cada sonho que roubou
Eu conheço a cama na parede do quarto
Na casa onde você conseguiu o que queria e arruinou tudo
Eu sei os segredos que você mantém
Eu sei onde você dorme

Estou te desejando muita sorte,
E, aliás,
(sua poesia é um lixo)

terça-feira, 21 de abril de 2009


Quando o vazio se faz presente...


"... Desandei até meu quarto e retirei o uniforme. Senti como se estivesse nascendo naquela hora, em um mundo de tarde fria onde só chorar era possível. Olhei no espelho do guarda-roupa, me procurando. Minha boca estava branca de dor e medo. O silêncio interminável trazia um andar sereno de todos e gestos só de desculpas.

...

Na manha do outro dia, assentado no banco de reguinha e duro, eu via o trem comendo o mundo. Parecia que toda a paisagem – árvores, casas, cercas, gados, rios – era devorada. Nada ficava para trás, a não ser a minha lembrança.

...

Assim, eu passava os dias recuperando o atrasado como se fosse possível, com ele, trazer todo o perdido de volta.

...

A casa ficou maior e cheia de silêncio. Tudo parecia se esforçar para não acordar quem deveria dormir por toda a vida. O vazio ocupou, tanto, o quarto que passei a dormir na beiradinha da cama, como se empurrada pelo novo morador. E o vazio não me deixava tocar em nada. Tudo – santo na parede, latas de talco,vidros de perfume, caixinhas de desmazelos,imagem na beira da cabeceira – tudo ficava no mesmo lugar por exigência do vazio. No nada cabe tudo. Até a poeira marcava a retirada de qualquer pertence.

..."


(trechos retirados e adaptados do livro "Ler, escrever e fazer conta de cabeça - Bartolomeu Campos de Queirós)